sábado, 20 de agosto de 2011

Overdose

Veio como o último suspiro de um fadigar escarrado: O fim me apetece mais do que a discórdia.

Não marquei a hora em que corri para longe dos meus, das luzes, do rock e do cigarro. Apenas corri, como alguém que ainda possui uma chance de reverter o veneno; o mesmo que em forma de chuva molhou meu jeans e minha falta de vergonha.

O efeito do álcool assombrou minhas pálpebras, e como se fossem apenas líquido, palpitaram entre um pulo e uma visão: Que eras aquele homem? Que eram seus pensamentos? Que era sua noite, sua dor, seu amor. Que eras?

Que eras o vento que me ultrapassou. Que eras a dor que deveras tu sentias.  Eu sentia. Que eram as pessoas, que eram seus gestos, que era eu debruçada na mesa molhada e cheia das tuas mágoas. Que eras?

Nada.

Um extremo Nada.

Já sem sentir o meu corpo e entregando-me ao cansaço, permiti que o asfalto marcasse o meu rosto.
Voei em queda livre, troquei a vida pela paz.
Cai.

Cai pois, desta forma eu ainda teria o meu abraço, e o teu escarro.
Que eras a minha morte?
Que eras?

Que eras?

(…)

domingo, 17 de julho de 2011

Perfection

E a Arte é a dor em forma de pensamento.
A alegria camuflada em meio ao único ser maior que a vida, a Criação, que quando não exposta de forma equivalente, expira dentre as frestas e transforma seu corpo num objeto inválido e vazio; despedaçado; tão incompleto que se torna capaz de entregar-se a morte, ao sacrifício, ao pseudo drama visto a olhos nus.
Cuidado Criatura, pois ela envolve tua alma e a espreme... Lhe apetece os sonhos maus?
Por que me faz querê-la? Por que te desejo mais que meu próprio prazer carnal? Não posso abriga-la em meu corpo, e suas vestes estão rasgando a minha pele. Como suportar? Como não te derrubar dos meus braços?
És para mim a fuga e o único sentido.
Ó dor, eu estou apaixonada!
Liberte-me...
"Estás hipnotizada. Nada conseguirás! Nada conseguirás!"
Liberte-me... Liberte-me... Liberte-me da minha consciência.
Me leve!
Estarei pronta para senti-la:
Satisfaça-me.
E a Arte é o que sobra do desespero.
A complexidade camuflada em cores quentes, o ápice, que quando exposto faz os olhos congelarem e os batimentos pararem; alucinados; tão completo que se torna capaz de entregar-se à vida, à ardência, ao desejo.
É o quê não existe, mas que pode ser tocado:
Perfection.

domingo, 17 de abril de 2011

Diagnóstico

Hoje vejo as suposições como formas de obstruir as verdades, a fim de proporcionar razão à falta de lógica; À falta de realidade que existe em nossas certezas formadas através de um quarto de exemplo: Um terço de veracidade.
Veracidade apenas por iludir a existência e, através disso, existir.
O que um dia foi essência, hoje é doença.
Nos juntamos aos semelhantes pela facilidade de convívio e compreensão, mas e os que não se juntam? Qual é o diagnóstico?
O que falta na verdade é a essência, e na doença, as suposições.
Nada é como parece até fecharmos os olhos.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Let's dance, Nino.

Como um meio observador, embora não sem razão, notei os fios queimados do seu cabelo amanhecido. Tão bela era aquela criatura com montanhas nas sobrancelhas e estradas nas costelas. Tão doce... E como saber se segurando sua mão a terei para sempre? E se segura-la representar a entrega do seu corpo e não da sua alma? Gostaria de caçar seus segredos como quem caça borboletas, sem dor...
Como um meio apaixonado, embora não sem razão, falo sobre o tempo e ao mesmo tempo o perco. Quantos outros notaram o que notei? Quantos outros usaram as palavras que usei?
Como um meio sonhador, embora não sem razão, abraço sua beleza e sua loucura: Sua beleza por ser perturbadora e sua loucura por faze-la enxergar em mim uma possibilidade... Persista minha Nina, persista em mim.
(...)
Gosto das tuas mãos.
Gosto da tua respiração enquanto dirige sob a chuva.
Um, dois! Teu olhar me engole num súbito sorriso e num pequeno beijo sobre os ombros.
Dê-me tua mão, quero te levar para correr no campo... segure-a bem forte!
"Let's dance, Nino"
Quero conhece-lo.
Curvaremos todas as árvores e deitaremos onde o vento for mais forte.
Se nos perdermos uma vez, talvez jamais nos encontraremos.
Mas e se, no momento, apenas dançarmos?
Tu és uma possibilidade, não seja uma possibilidade...
Queira me conhecer também.
Let's dance, Nino.
Let's go.
(...)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pensamentos se vão no meio tempo em que trocam-se frases e sentimentos. Algum tempo se passou e você ainda observa as constantes mudanças de humor ao seu redor. Elas não são importantes nem relevantes, porém são provas de que você se perdeu…sempre há a esperança de se encontrar num rosto, ou no acaso.

Naquele verão te disseram que as nuvens viriam logo. E o que fazer quando não se pode lutar contra a ordem natural das coisas?

Naquele verão foi fácil entregar-se aos lençóis quentes. Entretanto, o calor não pôde esquentar as solas dos teus sapatos. Para onde você foi?

Pensamentos invadem o meio termo entre imaginar o inimaginável e desejar o indesejável. Foi por sua causa que as folhas tomaram o céu e o chão em segundos; Foi por sua causa que as cartas voaram e partiram; Foi por sua causa o grito, o desconcerto, o silêncio.

Naquele verão te disseram que as nuvens viriam logo, porém esqueceram de alertar que seriam elas que trariam a paz.

E o que fazer quando se luta contra a ordem natural das coisas?

Recomece, apenas recomece.